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Personagens que marcaram a história da conscientização e combate ao idadismo - Robert Neil Butler


Psiquiatra e gerontólogo, é considerado um dos principais nomes da geriatra/gerontologia mundial. Criou o termo idadismo em 1969, que definiu como o ato de discriminar ou criar estereótipos para uma pessoa ou grupo de pessoas baseado na sua idade, após presenciar manifestações contra a transformação de um conjunto residencial, em habitação para idosos em Washington, DC. Ele percebeu uma similaridade muito grande entre os argumentos dos manifestantes e os que eram usados para justificar o racismo e o sexismo. E à semelhança dos dois, criou o termo “ageism”. Nasceu em New York em 1927. Recebeu seu diploma em bachalerado em 1949 e médico em 1953, ambos pela Universidade de Columbia. A sua inspiração para a medicina, segundo o mesmo, foi o seu avô com quem viveu e que morreu quando ele tinha sete anos. Passou a morar com a avó, que segundo ele, foi o seu exemplo de como o idoso pode ser forte e perseverante.

Ingressou na faculdade de Medicina com o desejo de tornar-se hematologista, mas ao presenciar como os idosos eram tratados de forma desrespeitosa, decidiu-se pela psiquiatria. Após a residência filiou-se ao Instituto Nacional de Saúde Mental, onde tornou-se o pesquisador principal do primeiro estudo sobre envelhecimento saudável. Com esse estudo, ele mostrou que a maioria das fragilidades da pessoa idosa decorria de fatores sócio-econômicos. O envelhecimento era um fator de risco, mas não a causa. Lançou-se assim as bases para os futuros estudos sobre envelhecimento. Foi um dos fundadores da Associação Americana de Psiquiatria Geriátrica; da Associação da Doença de Alzheimer e do Centro Internacional de Longevidade. Em 1982, fundou o departamento de geriatria e desenvolvimento adulto no centro médico Mount Sinai, o primeiro em uma escola médica nos Estados Unidos. Foi conselheiro em envelhecimento para 3 presidentes norte-americanos e para a Organização Mundial de Saúde.

Foi autor de diversos livros. Em 1975, escreveu “Why survive? Being old in America” pelo qual ganhou o prêmio Pulitzer de não ficção. Neste livro escreveu que: “Nós criamos uma sociedade na qual é extremamente difícil, viver quando se envelhece. A tragédia da velhice não é o fato de cada um de nós ter de envelhecer e morrer, mas que este processo tenha se tornado desnecessariamente e em alguns momentos excruciantemente doloroso, humilhante, debilitante e isolado pela insensibilidade, ignorância e pobreza.” Várias propostas de reforma para auxiliar as pessoas idosas foram sugeridas neste livro baseadas em sua experiência. Dentre elas o trabalho voluntariado pelos idosos. Em 1976, escreveu em co-autoria com sua esposa Dra. Myrna I. Lewis, o livro “Sex after Sixty” que posteriormente nas suas reedições recebeu o título de “The New Love and Sex after 60”, um best seller. Publicou ainda o “Longevity Prescription: The 8 proven Keys to a long, healthy life” e “The Longevity Revolution”, seu último livro em 2010 e no qual escreveu que quando os baby boomers atingirem o lago dourado mudanças acontecerão. Em seus livros discorria sobre a revisão da vida, método terapêutico pelo qual deveríamos encorajar as pessoas idosas a rememorarem as suas vidas ao invés de descartarem as suas memórias como divagações senis.

Robert Butler foi um pilar da geriatria/gerontologia e um incansável lutador pelos direitos das pessoas idosas. Nunca se aposentou e continuava trabalhando 60 horas por semana até três dias antes da sua morte. “A palavra aposentadoria é uma palavra ruim, pois se você estiver aposentado, a implicação é de que você não faz mais parte da sociedade e não é mais uma preocupação desta. Eu não recomendo a aposentadoria para ninguém. Eu digo que eles devem aposentar-se para alguma coisa”.

Segundo Butler, os seres humanos necessitam de liberdade para viver com mudança; para inventar-se e reinventar-se várias vezes ao longo das suas vidas. Dr. Butler faleceu em 2010 aos 83 anos de leucemia aguda.


 

Egídio Lima Dórea

Graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Residência e

doutorado em Nefrologia pela Universidade de São Paulo. Professor de Medicina da

Universidade São Caetano do Sul. Diretor da Aging 2.0 Chapter Brazil. Coordenador da

Universidade Aberta à Terceira Idade da USP (USP 60+). Coordenador do programa USP Rumo ao Envelhecimento Ativo. Membro da comissão de Direitos Humanos da USP. Conselheiro do International Longevity Centre Brazil.

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