por Egídio Dórea
Campanha publicitária de lingerie usa mulher idosa, rompendo paradigma.
A Hope consegue romper um paradigma: representar a mulher idosa em uma campanha de lingerie. Pode parecer um feito comum, mas não o é. Quantas empresas de moda, e sobretudo, de roupas íntimas, ousam ter como representantes em suas campanhas uma idosa (o)? Apesar dos 60+ representarem mais de 34 milhões de brasileiros; serem responsáveis por 23% do consumo de bens e serviços do país e movimentarem mais de 1,7 trilhão de reais. Façam uma pesquisa nas revistas e anúncios e verão que somente jovens e com belos corpos são mostrados. Afinal quem quer associar as suas peças a corpos comuns e reais?
Neste reel vinculado no instagram, vemos na divulgação de uma peça ecofriendly, não somente uma idosa, mas uma mulher que nos parece feliz e realizada com seu corpo. Ela aparece dançando e sem inibição. Exibe as marcas do tempo e as consequências naturais do processo de envelhecimento. Permanece bonita e nos desafia a questionarmos os nossos arraigados conceitos de que ser belo é ser jovem e de que a velhice não pode ser atraente e erótica.
Representatividade do corpo e autoestima da mulher idosa em campanha de lingerie re-significa padrões estéticos.
Imagino quantas pessoas ao assistirem esse reel, sentirão ou, mesmo, expressarão desgosto, indignação e até mesmo repúdio. Quantas mensagens negativas serão enviadas para a Hope. Somos uma sociedade idadista e essa propaganda não está de acordo com os estereótipos que temos do velho, e sobretudo de uma velha. Imaginamo-os assexuados, feios e sem atração. Não queremos mudar os nossos conceitos, pois nos é mais fácil conservá-los do jeito que estão. Afinal, não somos velhos; a velhice está muito distante de nós e mesmo quando a alcançarmos, não seremos como os velhos de hoje. Parabéns Hope pela ousadia, inclusão e nos desafiar a combatermos os nossos preconceitos. #ageism #idadismo #soumaissessenta #longevidade #HOPElingerie
Egídio Lima Dórea
Graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Residência e
doutorado em Nefrologia pela Universidade de São Paulo. Professor de Medicina da
Universidade São Caetano do Sul. Diretor da Aging 2.0 Chapter Brazil. Coordenador da
Universidade Aberta à Terceira Idade da USP (USP 60+). Coordenador do programa USP Rumo ao Envelhecimento Ativo. Membro da comissão de Direitos Humanos da USP. Conselheiro do International Longevity Centre Brazil.
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